Entre o ruído e o silêncio, ouve-se o barulho do mar. O ritmo preciso das ondas quando arrebentam na areia, quando batem nas pedras, quando se percebe, mesmo de longe, o som.
O som que não sai do interior das conchas, não sai dos ouvidos atentos, não sai da imagem refletida nos sonhos, não sai da intensidade da palavra.
Ressoa, silencia, amplia.
Quase como um sopro, uma fuga, uma vertigem.
Olhos que não viram o mar blindam manhãs carregadas de ventos úmidos.
Uma ausência.
Enquanto existir o mar permanecerá o silêncio, a dúvida, a pausa.
A reverberação que se cria enquanto faz um mesmo movimento, com a previsibilidade da repetição, porém sempre com espanto – como as coisas que não tem fim – percorre as ondulações das lembranças.
O som do mar invade a memória, traz à tona os segredos, inventa os mistérios. Habita a paisagem febril, refaz a imaginação, invade os hemisférios, reconhece as distâncias.
Enquanto existir o mar haverá poesia, enquanto existir o azul haverá o branco, enquanto os olhos seguirem uma linha sem fim sempre haverá um novo começo.
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