segunda-feira, 10 de setembro de 2018

uns versos

Sou sua noite, sou seu quarto
Se você quiser dormir
Eu me despeço
Eu em pedaços
Como silêncio ao contrário
Enquanto espero
Escrevo uns versos
Depois rasgo
Sou seu fado, sou seu bardo
Se você quiser ouvir
O seu eunuco, o seu soprano
Um seu arauto
Eu sou o sol da sua noite em claro
Um rádio
Eu sou pelo avesso sua pele,
O seu casaco
Se você vai sair
O seu asfalto
Se você vai sair
Eu chovo
Sobre o seu cabelo pelo seu intinerário
Sou eu o seu paradeiro
Em uns versos que eu escrevo
Depois rasgo
E depois rasgo

Adriana Calcanhoto

segunda-feira, 3 de setembro de 2018



e no final e no final e no final


ficamos sem saber para onde foi o cheiro, a luta, a memória


ficamos apenas com a sensação do sonho que nos levou para algum lugar

que nos sabíamos




desde sempre




esperar outra trégua


guardar as mágoas


sufocar o silêncio dos gestos subtraídos





poucos


uma hora muitos





em um dia que levou uma vida toda

Mar alto   Mergulhar em mar alto, sonhar em águas profundas.   Transformar o abismo em ponte para navegar sem turbulência, para prov...