Não ouço mais nenhuma voz.
Oco, passa o vento, nenhum sinal.
Eu cantaria você, faria música para vestir, rasgaria meus poemas, calaria meu
mal. A saída está no canto da porta, naquele olhar invisível que perpassa o meu
sentido.
Caí mais um tom, caí sem voz. Ouço o barulho da chuva apenas. Minha
epiderme não respira, absorve. Minha pele rasga a dor, meu sonho perdeu o fim.
Cego à noite, perco meu trilho, busco as lembranças ao
amanhecer. Meus olhos não abrem mais, carregados de mar.
Permaneço na tempestade, neste tempo suspenso. Minha saliva
tem gosto de sal, minha febril vertigem persegue a salvação.
Todo o universo veleja
nessa paisagem sem cor.
Seria onde busco os
tigres de capa branca e negra. Seria onde o rugido do mar afunda no abismo do
continente. Seria onde a palavra, que gasta, que valha, que dá o sentido à
arma, foi apontada para minha cabeça.
Coração partido não é metáfora.