sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014



Apenas aquele espaço, aquele espaço abissal que se formou entre nós. Senão são apenas suas palavras contra as minhas. Sem me entender, recupero minha língua. Invento um idioma para que não me cale, para que me veja inteira e completamente sua.

O dia acabou, a noite veio pesada. Um céu daqueles que só se vê quando a paisagem se despede do concreto. Está sob meus olhos. Na vertigem do meu sonho pairo à beira do rio, capturo de vez seu segundo, seu tempo. Não existe mais a dimensão das horas, da contagem infinita dos números, das frases, das letras. Fica só o que te espelha, decoro na minha matemática abstrata o que diz para mim. Sem entender em absoluto o que te domina.

No cálculo do preciso, resta o que diz suas mãos. Ouço um som distante, envolvido no seu cheiro e saio pelo mundo que não conheço. Percorro seu caminho, seu gosto, seu faro. Quero que a vida acabe assim, um vazio inexorável, um silêncio, um amor sem fim .

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